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A RELEVÂNCIA DO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA EM ANGOLA PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO DO PAÍS

Paulo Hadi Ernesto Manuel[1]

E-mail: paulohadimanuel@hotmail.com

RESUMO

 

A relevância do ensino da Língua Inglesa em Angola para a internacionalização do país é uma reflexão que visa responder a questão levantada no princípio do ano lectivo 2013 enquanto fazia a introdução da Cadeira de Inglês II aos estudantes do 2º Ano de Pedagogia. Na altura, um estudante atrevido, no bom sentido, questionou-me: “Qual é a importância de aprendermos uma língua estrangeira em vez de uma língua local?” Isto levou –me a entender o equívoco de muitos estudantes. Para tirar, no momento, a dúvida que pairava naquele e noutros estudantes, exibi um vídeo intitulado ‘Africa needs English’ (África precisa de Inglês). Por outro lado, este artigo de reflexão vai ainda apresentar a visão de alguns autores sobre a Língua Inglesa enquanto uma língua franca e internacional bem como o parecer de um gestor educacional e alguns estudantes do Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL) sobre a importância do Inglês no sistema de ensino e aprendizagem angolano com o propósito de (1) esclarecer os estudantes e a comunidade académica sobre a razão da existência da cadeira de Inglês nos planos curriculares dos vários cursos; (2) explorar e publicitar a importância da Língua Inglesa para o desenvolvimento e internacionalização de Angola e; (3) motivar os professores sobre os desafios de bem instruírem e os estudantes sobre a difícil tarefa de bem aprenderem.

 

Palavras-chaves: Ensino, Aprendizagem e Relevância da Língua Inglesa; Internacionalização do País.

 

ABSTRACT

 

The relevance of the English Language teaching in Angola for the internationalization of the country is a reflection that aims to answer the question raised at the beginning of the school year 2013 while introducing the English II Subject to year two students of Pedagogy. At the time, a cheeky student, in a good way, asked me: “What is the importance of learning a foreign language instead of a local language?” This led me to understand the misconception of many students. To get, at the moment, the doubt that hung on that and other students, I showed a video entitled 'Africa needs English'. Moreover , this article will also present the view of some authors about the English as a lingua franca and international language as well as the opinion of an educational manager and some students from the Economics Secondary School of Luanda ( IMEL ) on the importance of English in the Angolan teaching and learning system in order to ( 1) clarify the students and the academic community about the reason for the existence of the English subject in the several courses curriculum, (2 ) explore and publicize the importance of English language for the development and internationalization of Angola and ( 3 ) motivate teachers about the challenges of good instruction and educate students about the difficult task of effective learning.

 

Keywords: Teaching, Learning and Relevance of English; Internationalization of the country

 

INTRODUÇÃO

 

No mundo hodierno que muitos cientistas sociais denominam –no de “Global village” (Pilger, 1998 in Harmer, 2007: 15) ou ‘Aldeia Global’ em Português, o ensino e aprendizagem do inglês tornaram –se um fenómeno mundial (Harmer, 2007; Kirkpatrick, 2007) sobretudo depois da II Guerra Mundial (Hutchinson & Waters, 1987) devido a vários factores, nomeadamente o desenvolvimento da tecnologia e comércio bem como a necessidade de estudar no estrangeiro. Para Harmer (2007), a expansão da Língua Inglesa actualmente deveu-se à história colonial, à economia, viagem e turismo, à comunicação e cultura popular.

 

Se tivermos em conta as ideias de Pilger (1998) em Harmer (2007), facilmente podemos concordar que numa aldeia global tem de haver comunicação imediata sobre vários factos quer económicos, científicos, sociais, políticos, quer fenómenos naturais. Para tal, teria de haver um instrumento ‘quase’ comum que possibilitasse os habitantes dessa comunidade global interagirem naturalmente. Esse instrumento para muitos, hoje, é a Língua Inglesa. Foi essas e outras razões que levaram a China, um dos países emergentes actualmente, a pensar desde a década de 1970 na Língua Inglesa como um instrumento de modernização e internacionalização.

 

Entretanto, tratarei este assunto tendo em conta a seguinte sequência:
(1) apresentarei sinteticamente o papel que a Língua Inglesa teve no desenvolvimento da China tendo em consideração a ‘parceria estratégica’ que Angola estabelece com o mesmo país, e (2) debruçar-me-ei sobre a necessidade de massificar a língua inglesa em Angola, a exemplo da China, para o desenvolvimento e internacionalização do país.

 

 

 

VISÃO CRONOLÓGICA DA LÍNGUA INGLESA NA CHINA

 

Tal como foi aflorado na introdução, a língua Inglesa desempenhou um grande papel para o desenvolvimento da China a partir do séc. XVII com a chegada dos 1ºs comerciantes ingleses. Porém, só a partir dos finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX é que esses encontros tornaram-se mais regulares e sistemáticos (Kirkpatrick, 2007).

 

A Língua Inglesa desempenhou um grande papel no processo de ensino e aprendizagem para o desenvolvimento chinês. Adamson (2002: 232 in Kirkpatrick, 2007:145) constatou que o Inglês foi percebido de várias formas ao longo de diversas décadas pelas autoridades chinesas:

-1911-23: Revolução intelectual              Inglês para as ideias/filosofia

-1923-49: Inglês para diplomacia e interacção

-1949-60: Inglês para ciência e tecnologia apenas

-1961-66: 1º Renascimento        Inglês para modernização e compreensão internacional

1966-76: Revolução cultural            os falantes do Inglês são suspeitos
-1976-82: Recuperação lenta               Inglês para modernização
-1982- hoje: Inglês  extremamente desejável e fortemente promovido nos currículos escolares.

 

 

Isto mostra que a China olha para a Língua Inglesa como um veículo da cultura e ideias ocidentais por um lado, e como a língua para tornar o país cada vez mais moderno com a finalidade de compreender o universo e integrar-se melhor nele, por outro lado.

 

 

A visão chinesa quanto ao Inglês, é ainda considerá-lo como uma ‘ Língua franca’, isto é, uma língua internacional de comunicação que unifica falantes de diferentes línguas locais. Portanto, caso Angola queira se firmar regionalmente através da SADC ou mesmo para além dessa região económica, terá de estimular o ensino e a aprendizagem efectiva da Língua Inglesa se tiver em conta a quantidade de países falantes do Inglês que a circundam e não só.

 

 

MASSIFICAÇÃO DO INGLÊS EM ANGOLA. O QUE DIZEM?

 

Hoje, aprender a falar Inglês em Angola, tornou-se um desejo para muitos estudantes e ensinar os estudantes a falarem Inglês, transformou-se numa enorme responsabilidade e desafio para os professores. Este desejo e responsabilidade no ensino e aprendizagem massificam-se cada vez mais devido ao desenvolvimento das indústrias petrolíferas e diamantíferas, comércio estrangeiro, etc. (Sambeny & Gonzalez, 2011).

 

A consciência de que o Inglês é importante para a internacionalização do jovem angolano está presente nas cachimónias dos governantes e gestores da educação em Angola. A título de exemplo, em 2010 numa pesquisa levada acabo por um estudante do ISCED de Luanda, foi feita a um director pedagógico de um instituto de Contabilidade, Gestão e Comunicação Social, a seguinte pergunta: Qual era a importância da existência da disciplina de Inglês nos currículos dos cursos daquela instituição? Parafraseando a resposta daquele gestor educacional, a presença do Inglês tinha objectivo de desenvolver nos estudantes a habilidade de falarem a referida língua e poderem interagir com outros falantes nos seus futuros postos de emprego (Manuel, 2012). Se tal habilidade tem sido bem desenvolvida ou não, é tema para uma outra reflexão.

 

Na mesma pesquisa mais de 60 estudantes foram envolvidos. Dentre as várias questões, uma era: Porque aprendiam Inglês? À essa pergunta, 41% dos participantes disseram que aprendiam Inglês porque (...) era a língua internacionalmente mais falada. Por outro lado, com a Língua Inglesa encontrariam facilidades de ingressarem nos postos de emprego (ibid.).


Estas respostas mostram quão relevante o inglês é hoje e também mostra-nos quão cônscios os académicos angolanos estão da necessidade de apreenderem o Inglês enquanto língua comercial, tecnológica, académica, etc.

Os exemplos não param por aqui. Um dos conceituados professores de Fonologia da Língua Portuguesa no ISCED de Luanda um dia disse que depois da sua licenciatura em Angola, tinha se deslocado para Portugal a fim de dar sequência dos seus estudos. O incrível foi que mesmo em Portugal, muita bibliografia era-lhe fornecida em Inglês o que o obrigou a redobrar esforços para que tivesse sucessos. Paulo Manuel, enquanto finalista do curso de Inglês pelo ISED de Luanda, atesta que traduziu várias páginas de livros escritos em Inglês para estudantes angolanos que frequentavam o mestrado em História naquela Instituição de Ensino Superior. Muitos são os exemplos e testemunhos que confirmam a relevância da Língua Inglesa para a internacionalização de Angola.

 

CONCLUSÃO

 

O ensino e aprendizagem da língua inglesa hoje tornou-se um desafio incontornável devido aos vários factores anteriormente mencionados:

  • Desenvolvimento das indústrias petrolíferas e diamantíferas;
  • Internacionalização do comércio;
  • Massificação e desenvolvimento da informática;
  • Diversificação dos meios para recolha e ou publicação de dados científicos e académicos, etc.

 

Tudo isto motiva e obriga a comunidade académica (professores, estudantes, directores de escolas e investigadores), diplomatas, empresários e homens de negócios a aprenderem a comunicar em Inglês. Por isso, urge a necessidade das entidades afectas à educação a não fazerem vista grossa ao ensino e a aprendizagem do Inglês que hoje já é um fenómeno mundial para que não tenhamos mais estudantes que chegam ao ensino superior sem entenderem a presença da cadeira de Inglês nos planos curriculares. Por outro lado, a nós professores, que tenhamos consciência da grande responsabilidade de garantirmos a ‘motivação inicial’ de um estudante que nos apareça pela primeira vez a querer aprender Inglês (Dornyei, 2001: 21) mostrando primeiro entusiasmo pela língua com a finalidade transmitir esse sentimento positivo ao estudante (ibid: 29).



Sem desprezo das nossas línguas locais, devemos investir fortemente nos professores e nos meios didácticos para que as escolas hoje possam responder adequadamente a necessidade e o desejo dos estudantes de aprenderem esta língua a fim de transformá-los (os estudantes) em cidadãos globais competentes.

 

 

BIBLIOGRAFIA

  • Dornyei, Zoltán (2001). Motivational Strategies in the Language Classroom.     

                                         Cambridge: Cambridge University Press.

  • Harmer, Jeremy (2007). The Practice of English LanguageTeaching (4th ed.).    

                            Longman: Pearson.

  • Hutchinson, Tom. & Waters, Alan (1987). English for Specific Purposes. A

                     learning-centred approach. Cambridge: Cambridge University Press.

  • Kirkpatrick, Andy (2007). World Englishes. Implications for international    

                        communication and English Language Teaching. Cambridge:      

                       Cambridge University Press.

  • Manuel, Paulo (2012). “Factors that Hinder Students’ Pronunciation of English   

                 as a Foreign Language:  A Case Study of IMEL Tenth Graders”. Tese de

                               Licenciatura. Luanda: ISCED.

  • Sambeny, Celeste & Gonzalez, Ana (2011). English Teaching Methodology

                   (vol. I).   Luanda: Mayamba Editora.

 

  • English in the World. (s. d.). Acedido a 24 de Março de 2013 através de www.ffl.org

 

 



[1] Licenciado em Ciências da Educação, (Especialidade de Ensino da Língua Inglesa), no Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) de Luanda (Angola). Assistente Estagiário colaborador na Escola Superior Politécnica de Malanje (ESPM), afeta à Universidade Lueji A’Nkonde (ULAN), República de Angola. Professor de Inglês na Instituto Médio de Administrção e Gestão de Viana (Angola).

 

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